Demon City: O novo filme de ação japonês que divide opiniões

Chill Music Japan

O que é o filme “Demon City” da Netflix?

O filme original da Netflix Demon City é um longa de ação que ganhou destaque por sua violência intensa e trama focada em vingança. Dirigido pelo promissor cineasta Seiji Tanaka, o longa é baseado no mangá Oni-Goroshi, de Masamichi Kawabe, uma série de estilo hard-boiled composta por 16 volumes. A publicação começou em 2020 e foi concluída em 2024.

Logo após seu lançamento, o filme rapidamente subiu no ranking da Netflix e gerou discussões nas redes sociais. Os espectadores elogiaram as poderosas cenas de ação e o comportamento estoico do protagonista, considerado um ponto atraente. No entanto, o filme também foi criticado por um enredo aparentemente simplista e pela falta de profundidade no desenvolvimento dos personagens, tornando-o uma obra que divide opiniões.

Este artigo oferece uma análise detalhada sobre a recepção do filme em sites de críticas e redes sociais, as diferenças em relação ao mangá original, seu desempenho no mercado interno e internacional, além de um olhar aprofundado sobre a carreira e o estilo de direção de Seiji Tanaka.

Recepção de Demon City

Até agora, a recepção do filme não tem sido das melhores. No Filmarks, ele mantém uma classificação de 3,1 de 5, o que é relativamente baixo, considerando que filmes na faixa de 3,8 ou 3,9 são geralmente bem avaliados.

No Eiga.com, as críticas são ainda mais duras, com muitos usuários fazendo comentários pesados sobre o filme.

No mercado internacional, o filme tem 5,4 de 10 no IMDb, o que indica uma resposta morna. Curiosamente, o público indiano parece ter dado notas mais altas, com cerca de 20% classificando o filme como 10, embora a maior parte das avaliações fique em torno de 5 ou 6.

(Essas notas são referentes ao momento em que este texto foi escrito.)

Recepção Positiva

Os pontos que mais receberam elogios em Demon City foram as cenas de ação estilosas e a presença marcante do ator principal.

Sequências de Ação Intensas

Um dos grandes destaques do filme são as cenas de ação brutais e visualmente marcantes. As sequências de luta do protagonista, em que ele enfrenta ondas de inimigos sozinho, foram comparadas a John Wick — embora alguns críticos menosprezem, chamando-o de uma “versão japonesa de baixo orçamento” da franquia. As lutas não se limitam apenas a armas de fogo; o protagonista usa lâminas, correntes, maquinaria pesada e outras armas pouco convencionais, conferindo ao filme uma dinâmica tensa e envolvente.

Diálogo Mínimo, Máximo Impacto

O protagonista quase não fala, pronunciando pouquíssimas palavras ao longo do filme. Em vez disso, ele se comunica principalmente por meio de expressões faciais sutis e linguagem corporal contida. Muitos espectadores destacaram que justamente essa postura silenciosa, ao mesmo tempo fria e determinada, transmite mais emoção do que diálogos extensos poderiam transmitir. Sua maneira impassível de eliminar os inimigos foi elogiada com comentários como “não dá para tirar os olhos dele” e “essa quietude acaba sendo um ponto positivo”. Algumas pessoas afirmaram até que o silêncio do personagem carrega um charme especial, tornando-o ainda mais cativante.

Fusão de Visuais e Música

A trilha sonora e o desenho de som do filme também receberam muitos elogios. A música de fundo, tensa, intensifica o suspense, enquanto as melodias mais sombrias nas cenas de flashback trazem profundidade emocional. Durante as sequências de ação, sons duros e com toques de ruído criam uma atmosfera intensa e imersiva. Muitos usuários nas redes sociais comentaram que o trabalho de som potencializou o impacto do filme, tornando-o envolvente do início ao fim.

Recepção Negativa

Apesar dos pontos fortes, Demon City também foi alvo de diversas críticas, especialmente em relação à história e ao desenvolvimento dos personagens.

Enredo Repetitivo e Raso

Embora a premissa de um guerreiro solitário enfrentando ondas de inimigos seja simples e fácil de acompanhar, muitos espectadores sentiram falta de profundidade. Com pouca exposição sobre o passado do protagonista, não há muito contexto sobre seu crescimento ou motivação emocional para levar a cabo sua vingança. Alguns consideraram isso uma abordagem rasa, tornando a trama unidimensional e emocionalmente vazia.

Falta de Profundidade nos Personagens

Apesar de o filme apresentar vários personagens secundários, muitos deles são pouco desenvolvidos e desaparecem rápido demais. Como resultado, críticos apontam que personagens com potencial de destaque acabam desperdiçados, e os vilões não têm carisma suficiente para dar mais impacto aos confrontos.

Decepção Entre os Fãs do Mangá

Os fãs do mangá original Oni-Goroshi ficaram especialmente frustrados com as grandes omissões e mudanças na adaptação. Os diálogos filosóficos e o drama profundo dos personagens presentes no mangá foram em grande parte removidos, gerando reclamações como “Cortaram as melhores falas” e “Personagens fundamentais foram mortos rápido demais”. Esse distanciamento entre o filme e a obra original aumentou a insatisfação de quem já acompanhava a história há tempos.


Diferenças em relação ao mangá original, Oni-Goroshi

O mangá Oni-Goroshi, de Masamichi Kawabe, recebeu grande reconhecimento como uma obra hard-boiled ao longo dos seus 16 volumes. Já na adaptação cinematográfica, devido à duração reduzida de pouco menos de duas horas, diversas partes da história e episódios foram significativamente cortados ou modificados. Aqui, destaco algumas das principais diferenças apontadas pelos fãs.

Compressão da história

No mangá, o autor descreve detalhadamente o processo em que o protagonista gradualmente recupera suas memórias, reconstrói vínculos familiares perdidos e compreende as motivações emocionais que o levam à vingança. Por outro lado, no filme, essa evolução ocorre de maneira rápida e superficial. Como consequência, muitos espectadores sentiram que o protagonista demonstrou suas habilidades de combate abruptamente, sem uma construção emocional convincente.

Falta de profundidade dos personagens

No mangá original, vários antagonistas carismáticos são apresentados ao longo da história, tendo cada um deles cenas memoráveis e espaço suficiente para desenvolverem suas personalidades. No filme, devido à restrição de tempo, esses personagens acabam sendo eliminados rapidamente, sem grande destaque ou profundidade. Muitos fãs lamentaram essa escolha, desejando que os antagonistas fossem melhor explorados.

Ausência das frases icônicas

Outro ponto criticado foi a exclusão quase completa das frases icônicas presentes no mangá. Em virtude do estilo extremamente silencioso adotado pelo protagonista no filme, muitos desses diálogos filosóficos e dramáticos que representavam o auge emocional da obra original foram cortados. A ausência dessas citações gerou críticas de fãs que sentiram falta desses momentos marcantes.

Ainda assim, há espectadores que elogiaram especialmente as sequências de ação empolgantes do filme, afirmando que a velocidade e a intensidade visual das lutas são elementos que apenas uma adaptação cinematográfica poderia oferecer. Comentários positivos como “ver cenas famosas do mangá em versão live-action já valeu muito a pena” também foram observados nas redes sociais.

Netflix映画『Demon City 鬼ゴロシ』田中征爾監督インタビュー「生田さんと松也さんは骨の髄まで極まっているパフォーマー」 | ガジェット通信 GetNews


Desempenho do filme no Japão e no exterior

O filme Demon City foi lançado pela Netflix e, já na semana de estreia, em 2025, alcançou o primeiro lugar no ranking japonês “TOP 10 Filmes de Hoje”. Nas redes sociais, muitas pessoas comentaram: “Assim que abri a Netflix, apareceu em destaque, então decidi assistir”, ou “Vi que estava em primeiro lugar, então fiquei curioso”. Até o dia 3 de março, o filme seguia em alta.

Internacionalmente, o filme chamou atenção especialmente dentro do contexto de obras de ação violentas e intensas, entrando para o TOP 10 em diversos países da Ásia e do Oriente Médio. A popularidade desse tipo específico de filme parece ter contribuído diretamente para o sucesso do longa nessas regiões.

Além disso, Demon City conquistou o primeiro lugar global no ranking diário da Netflix na categoria de filmes não falados em inglês.

As avaliações dos críticos têm sido um pouco divididas, mas obras de entretenimento geralmente chamam mais atenção justamente por gerarem opiniões diferentes. Enquanto algumas pessoas descreveram o filme como “um longa de ação para assistir sem pensar muito” ou “com poucas mensagens sociais”, muitos fãs internacionais elogiaram positivamente sua ambientação e estilo visual. De maneira geral, pode-se dizer que Demon City é um filme que alcançou sucesso no segmento de produções feitas para streaming.


Diretor: Seiji Tanaka – Histórico e Estilo

O diretor Seiji Tanaka (nascido em 1987) é um cineasta promissor oriundo do cenário independente japonês. Sua estreia em longas-metragens ocorreu com Melancholic (2018), filme amplamente elogiado por sua premissa inusitada — uma casa de banho pública que serve secretamente como fachada para assassinos de aluguel — e pela combinação habilidosa de humor ácido com drama criminal.

Melancholic (2018) Official Trailer [HD]

Após isso, seu filme original The Man Who Failed to Die (2025) foi lançado no Japão e recebeu críticas positivas. Conhecido por uma narrativa que transita suavemente entre realidade e fantasia, espera-se que Tanaka continue fazendo contribuições significativas ao cinema no futuro.

Estilo de direção característico

[Official_Trailer]The Man Who Failed to Die/死に損なった男

Tanaka é conhecido por inserir explosões repentinas de violência e medo em situações aparentemente comuns. Embora seus filmes frequentemente apresentem cenas gráficas de ação, ele possui um talento especial para retratar as emoções e os comportamentos dos personagens de uma maneira que mistura humor sombrio e elementos surreais.

Em Demon City, o público estava curioso para saber como Tanaka aplicaria seu estilo característico em uma adaptação cinematográfica. O resultado foi um filme com poucos diálogos, apostando principalmente na narrativa visual e no desenho de som para transmitir as emoções do protagonista—algo típico da abordagem cinematográfica de Tanaka.

O diretor reescreveu o roteiro três vezes. Na primeira versão, o protagonista era quase totalmente silencioso, pois Tanaka acreditava que diálogos em excesso não seriam necessários para um homem movido puramente por vingança.

Após várias tentativas, decidiu aumentar as falas do protagonista. No entanto, quando o ator principal, Toma Ikuta, leu o roteiro revisado, comentou: “Acho que gostei mais da versão original.” Esse feedback fez Tanaka perceber que manter os diálogos no mínimo necessário realmente era a melhor abordagem.

田中征爾 – Wikipedia


Avaliação pessoal de Demon City

Antes de assistir a Demon City, eu tinha algumas dúvidas. Por ser uma adaptação live-action de um mangá, esperava algo irreal ou com clichês previsíveis. Após assistir pela primeira vez, essa impressão inicial não mudou muito—eu ainda sentia um forte ar de artificialidade. Mesmo assim, as cenas de ação eram divertidas, e consegui entender por que o filme chegou ao topo do ranking da Netflix.

Mas então, no mesmo dia, tive a oportunidade de assistir novamente, e isso mudou completamente minha percepção. Na primeira vez, eu estava assistindo de forma crítica, procurando falhas e inconsistências no roteiro. Já na segunda vez, aceitei totalmente o aspecto ficcional do filme e foquei nas cenas de ação e no impacto visual, tornando a experiência bem mais agradável.

Por exemplo, algumas cenas exageradas podem parecer ridículas se vistas com uma mentalidade muito realista. Mas quando abandonei essa expectativa, passei a apreciar justamente o absurdo delas—em certos momentos até ri, mas sem deixar de admirar a intensidade das cenas. Não sei se isso foi intencional por parte do diretor ou dos atores, mas certamente ajudou a criar um charme único para o filme.

Momentos marcantes

Uma das cenas visualmente mais impactantes foi a invasão da casa pelo grupo Kimen-gumi (Gangue das Máscaras Demoníacas)—cinco figuras sinistras usando máscaras tradicionais japonesas de Hannya, Tengu, Inari, Okina e Ikkaku. No mangá, eles já tinham uma presença ameaçadora, mas vê-los em versão live-action tornou-os ainda mais perturbadores. As máscaras eram de alta qualidade, algo essencial para manter a atmosfera sombria do filme. Se tivessem uma aparência barata, certamente comprometeriam toda a estética da cena.

Outro destaque foi Fushi, o antagonista interpretado por Masahiro Higashide. Mesmo com pouco tempo de tela, sua presença sinistra e perturbadora deixou uma forte impressão. Eu gostaria que o personagem tivesse sido melhor explorado, mas talvez devido às limitações do tempo do filme, suas motivações e passado permaneceram superficiais.

A sequência da luta na escadaria também merece atenção especial. Nessa cena, o protagonista enfrenta várias ondas de inimigos enquanto tenta subir, mas acaba sendo derrubado e obrigado a começar tudo novamente. A maneira como essa sequência foi filmada a tornou extremamente envolvente—a ponto de eu desejar que durasse ainda mais. É claro que, em algum momento, a resistência irrealista do protagonista me chamou a atenção (como ele continua lutando depois de tantos ferimentos?), mas acabei percebendo que essa exagerada resistência fazia parte da diversão.

Críticas

Um aspecto que não funcionou completamente para mim foi a música, especialmente a trilha sonora dominada pelas guitarras de Tomoyasu Hotei. Embora eu entenda que as melodias emotivas da guitarra tivessem o objetivo de destacar a tristeza do protagonista, senti que em alguns momentos elas se tornaram um pouco excessivas. Dito isso, percebi que muita gente nas redes sociais elogiou a trilha sonora, então provavelmente trata-se de uma questão de preferência pessoal.

O final também recebeu opiniões divididas, mas após assistir pela segunda vez, acabei gostando mais dele. Na primeira vez, achei que faltava impacto. Mais tarde, percebi que sua simplicidade era justamente um ponto forte: o filme não tentou forçar uma profundidade filosófica desnecessária ou reviravoltas dramáticas. Pelo contrário, terminou de forma clara e direta, proporcionando uma sensação refrescante de encerramento.

Considerações finais

Embora eu não considere Demon City uma obra-prima, trata-se de um filme de ação divertido que cumpre bem sua proposta. Se fosse recomendá-lo a alguém, diria o seguinte:

✅ Assista se você gosta de filmes de ação. É divertido e intenso, com sequências realmente impressionantes.
❌ Pule se você prefere histórias profundas, com muitos diálogos ou narrativas mais realistas.

Entre as adaptações recentes de mangás para live-action, esta certamente é uma das melhores que já vi. Muitas adaptações costumam falhar por causa de atuações exageradas, figurinos irreais ou cenas emotivas forçadas demais. Demon City, entretanto, conseguiu evitar esses erros. Comparando-o a Rurouni Kenshin, diria que a qualidade das cenas de ação está no mesmo nível, o que é um grande elogio, considerando o alto padrão da franquia Kenshin.

Por fim, a maior qualidade do filme é sua capacidade de ser assistido mais de uma vez. O fato de minha opinião ter melhorado na segunda vez sugere que ele oferece mais camadas de diversão além da primeira impressão.

E afinal, o protagonista é um demônio consumido pela vingança—faz sentido que sua força sobre-humana e sua motivação extrema extrapolem os limites da realidade. Caso não tenha gostado na primeira vez, recomendo assistir novamente com uma mentalidade diferente. Talvez você descubra novos motivos para apreciar as cenas estilizadas de ação e a atmosfera única do filme.

Conclusão

Demon City é um filme original da Netflix que gerou bastante discussão no Japão e internacionalmente. Enquanto suas elegantes cenas de ação e a presença marcante do elenco principal foram elogiadas, críticas apontam para um enredo simples demais, falta de desenvolvimento profundo dos personagens e mudanças em relação ao mangá original.

Por outro lado, o fato de opiniões tão divididas existirem acabou aumentando ainda mais o impacto e a visibilidade do filme. Ele alcançou altas posições nos rankings da Netflix e encontrou uma audiência sólida fora do Japão. Se você gosta de cenas de luta vibrantes, histórias centradas em vingança ou está curioso para conhecer o estilo único do diretor Seiji Tanaka, definitivamente vale conferir.

Se ainda não assistiu, aproveite para vê-lo na Netflix. Mergulhe na ação intensa e nas emoções cruas que o filme oferece—como você interpretará a loucura desse “demônio”?

Demon City | Official Trailer | Netflix

Comment

Título e URL copiados